Saturday, February 20, 2016
Filme American Madness (Loucura Americana)
De 1932, ele definitivamente não é uma das obras mais significativas e célebres do renomado diretor ítalo-americano Frank Capra. Porém, em seus 75 minutos de duração, consegue não apenas transparecer as características fundamentais de um filme de Capra, como também dar uma impressão do quadro geral da economia norte-americana do período no qual foi produzido. O longa-metragem teve seu roteiro escrito por Robert Riskin (um companheiro frequente de Capra), se classifica no gênero dramático e em seu elenco encontram-se Walter Huston (pai do diretor John Huston) e Pat O’Brien.
Um aspecto importante a ser analisado é a forma sucinta como o filme é conduzido. Na obra, não há espaço para a manifestação de sentimentos e sensações de forma alusiva, com a criação de esferas ou ambientes sensoriais que seriam captados indiretamente pelos espectadores. Tudo é explicitado diretamente e com incrível rapidez, através dos vários closes dados aos rostos dos personagens e do rápido desenrolar das situações importantes do filme, como o assalto ao cofre do banco ou o momento de confusão que denunciava a falência da instituição financeira.
As obras de Capra são marcadas por um expressivo uso do otimismo sempre presente nas situações em que tudo a volta dos personagens parece desmoronar. Talvez esse seja um dos fatores que explicam o primeiro título que o filme recebeu: American Faith (Fé Americana), trocado logo em seguida por American Madness (Loucura Americana).
Capra foi um dos diretores mais prestigiados dos anos trinta, tendo se tornado conhecido por obter expressivos resultados a partir de baixos orçamentos e por representar em seus filmes assuntos em pauta na realidade. Este último exprime diretamente os sentimentos de insegurança e incerteza característicos de um momento de extrema crise econômica como a Grande Depressão que definitivamente assolou os Estados Unidos de 1929 até os anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial.
É importante notar com exatidão o período histórico no qual o filme foi produzido. O período 1932-33 é tido como a pior fase da Grande Depressão, com o desemprego chegando a atingir 27% da população economicamente ativa norte-americana travando qualquer expectativa de melhoria do cenário econômico a curto prazo. O desespero e a descrença que a gravidade da situação econômica provocava na população foram muito bem apresentados na obra.
O período também representou riscos para a democracia americana, já que a transição de governos ocorrida em janeiro de 1933 foi enredada pelos diferentes posicionamentos na área econômica. A divergência quanto às medidas a serem tomadas para mitigar os efeitos da crise de 29 gerou dificuldades que só foram transpostas após muitas discussões e a aprovação de uma emenda constitucional que modificou o processo de transição governamental na presidência do país.
Os dois postulantes ao cargo, na campanha presidencial de 1932, divergiam principalmente quanto à atuação e influência do governo central na economia. O republicano e candidato à reeleição Herbert Hoover, apesar de ter criado alguns programas criativos em resposta a crise, se mantinha firmemente contrário à ajuda governamental aos desempregados . Já FDR (sigla como o democrata Franklin D. Roosevelt era conhecido pelos jornais) defendia maior atuação do Estado, a formulação de medidas econômicas experimentais e a adoção de um novo acordo (New Deal) com os americanos.
No filme, percebe-se a política econômica vigente no período em um momento: durante a confusão de correntistas no saguão do banco. A falta de liquidez da instituição que a impedia de devolver integralmente o dinheiro de todos os seus clientes é um sinal da frouxa regulamentação sobre o sistema financeiro americano, resultado, sobretudo, do liberalismo que norteou a economia até então. Roosevelt mudou, logo após sua pose como presidente, a legislação bancária que, através de diversas medidas, aumentou a saúde geral das instituições e fez ressurgir a confiança da população.
Como na maioria dos filmes de Capra, Loucura Americana apresenta uma lição de moral de forma bastante clara e direta, neste filme a lição a transmitida pelo personagem principal o bem-humorado Thomas Dickson, presidente de um banco, o qual administra de maneira bastante ousada para uma época de grave crise econômica. Dickson não poupa esforços para emprestar dinheiro aos clientes do banco, que administra de maneira bastante ousada para uma época de grave crise econômica. Dickson não poupa esforços para emprestar dinheiro aos clientes do banco, os quais considera como amigos.
Os arriscados empréstimos concedidos por ele deixam preocupados os sócios do banco, que mantêm uma postura bem mais conservadora e tentam convencer Dickson a aceitar uma fusão com outro banco, para assim Dickson perder parte de seu poder. Porém ele segue com seu discurso de confiança nos americanos e com o pensamento que só com o dinheiro circulando é que a crise seria superada. Por fim a confiança de Dickson em seus clientes acaba sendo retribuída. Quando o banco sofreu um assalto, que deixou a maioria dos clientes desesperados com medo de terem perdido seus depósitos e fez com que quisessem retirar todos ao mesmo tempo o dinheiro depositado deixando assim o banco sem liquidez, alguns dos empresários ajudados por Dickson depositaram grandes quantias, demonstrando confiança no banco e passando essa confiança para os outros clientes. É justamente essa mensagem de confiança e otimismo que Capra passa com o filme.
Thomas Dickson representa então, não somente as personagens corretas e bondosas típicas de Capra, mas representa também o otimismo e a esperança que ele tenta transmitir em um momento que o mundo vivia a pior de suas crises econômicas e sofria com as mazelas conseqüentes desta crise.
Este filme é um prelúdio dos filmes do mesmo Capra: You can´t take it with you (Do mundo nada se leva) de 1938 e de It is a Wonderful Life (A felicidade não se compra) de 1946.
Assistindo os três filmes, você vai perceber.
(Uma grande parte do texto acima foi extraído do site Cineplayers.com, de autoria de Yuri Siqueira.)
NOTA IMPORTANTE: AS LEGENDAS FORAM TRADUZIDAS POR ESTE BLOG.
Link do filme:
https://drive.google.com/file/d/0BwdJhsEoDLnzLVpqTlh4bXV4MTA/view?usp=sharing
Subscribe to:
Posts (Atom)
The Mattei Affair - Il Caso Mattei (Francesco Rosi, 1972)
Portrait of Italian tycoon, Enrico Mattei, who headed a state-combined industrial concern for natural resources from the early post-war year...
-
Padre Brown é um personagem fictício , criado pelo novelista inglês G. K. Chesterton, que aparece em 52 contos, e que depois foram compilado...
-
The true story of Sandra Laing (Okonedo), a black child born in the 1950s to white Afrikaners, unaware of their black ancestry. Her parents ...