Quando Star Trek foi lançada há exatamente 50 anos, a
recepção foi mais gelada do que o tempo na colônia penal Klingon em Rura Penthe
(vide Star Trek VI).
A própria revista Variety (fonte deste post) criticou o 1º
episódio, dizendo que a série precisava melhorar muito para conseguir audiência
e que o episódio não iria abrir muitas frequências depois desta amostra.
A crítica assim foi típica em resposta ao drama de ficção
científica de Gene Roddenberry. Depois de problemas com o primeiro piloto, onde
depois Gene teve que jogar fora quase todos os personagens, ficando apenas com
o Spock, a série se segurou e foi adiante para uma segunda e terceira temporada
antes de ser cancelada.
Depois disso, a série renasceu. Foram 13 filmes, uma série
animada, gibis, selos, documentários, convenções e milhares de orelhas postiças
vendidas. Quando Leonard Nimoy faleceu no ano passado, a Casa Branca divulgou
um longo texto do Presidente Obama no qual ele escrevia, “Eu adorava o Spock”.
O universo de Star Trek vai além dos 79 episódios, exibidos
de 1966 a 1969. O impacto da série é sentido até hoje. Para seu aniversário de
50 anos, a revista Variety pediu a atores, escritores e fãs da série que
nomeassem seus episódios favoritos.
O Nômade, Kirk e Spock |
“Quando criança, fiquei maravilhado com um episódio chamado “O
Nômade” (The Changeling). Nômade era uma sonda lançada pelos
humanos, que tinha se tornado uma inteligência androide psicopática em
esterilizar tudo que considerava imperfeito.
Bastante legal e assustador! A cena onde Kirk faz o Nômade pensar que
ele mesmo é imperfeito, me fez entender o conceito de paradoxo (nesse caso,
o paradoxo de um mentiroso) e assim fiquei sempre atraído a ideias envolventes
desde então.”
- Brannon Braga, produtor executivo de Star Trek, A Nova
Geração, Voyager.
Kirk tentando colocar o "cérebro de Spock" em McCoy |
“Meu episódio favorito é o “Cérebro de Spock” (Spock´s
Brain), da 3ª temporada. Não porque fosse bom, pelo contrário; mas porque é um
grande exemplo do que os atores fazem de melhor. Podem transformar lixo em um bom
material. O elenco fez esse script funcionar por pura força de vontade e nesse
processo, me fez sentir orgulho por fazer parte da carreira de ator. Toda vez
que eu vejo o episódio, eu me divirto.”
- John de Lancie, Q, de Star Trek: a Nova Geração.
Frank Gorshin à esquerda e Kirk |
“A visão de Frank Gorshin com o rosto metade branco e metade negro no episódio “ A Última Batalha” (Let that be your last
battlefield) está fixa na minha memória como o clássico exemplo do brilhante comentário
social de Roddenberry.
— Jonathan Frakes, William T. Riker, “Star Trek: A Nova
Geração ”
Spock e Kirk lutando pela T'Pring, a vulcana do lado direito, ao fundo. |
“No primário, um amigo do meu pai construía satélites para a
NASA. Seu apoio à série fez tudo parecer possível. O episódio “Tempo de Loucura” (Amok Time) foi
meu primeiro que vi e gosto daqueles episódios que dizem verdades universais: emoções presas que
se rompem, amizade é o melhor remédio e os vulcanos são espetacularmente loucos
por sexo.”
— Alex Kurtzman, co-criador e produtor executivo de “Star
Trek: Discovery” – Nova série da CBS, que estreia em 2017.
Kirk e Anton Karidian |
“A consciência do Rei” (The Conscience of the King). Star
Trek frequentemente tem tons de Shakespeare em suas estórias e aqui elas são
bem literais no texto, e no subtexto no momento em que Kirk lida com a ideia de
que um dos atores poderia ser, na verdade, um criminoso de guerra. É uma peça
não usual com pouco conteúdo de ficção científica.”
— Ronald D. Moore, produtor exectivo, “Battlestar Galactica”
, “Outlander”; “Star Trek” escritor e produtor executivo
Spock fazendo contato mental com a rocha viva. |
“Meu episódio favorito é “Demônio da Escuridão” (The Devil
in the Dark). Foi a primeira vez que percebi o quanto pode ser contado de uma simples estória. A Enterprise é chamada para investigar o que acham ser um
rocha monstro atacando mineiros de um planeta. Contudo, depois que eles chegam,
Spock acaba conseguindo se comunicar com o ser – na verdade, era uma mãe
protegendo seus filhos. Os cristais que os mineiros estavam cavando eram seus
filhos, os ovos. E aí vem a pergunta: Quem realmente é o demônio da escuridão?”
— Rod Roddenberry, filho
de Gene Roddenberry e Presidente da Roddenberry Entertainment
USS Constellation em A Máquina da Destruição. |
“Quando era criança nos anos 70, ‘Star Trek’ era pura
aventura e escapismo. Meus episódios favoritos era “Arena” (Arena), Equilíbrio
do Terror ( Balance of Terror) e “Tempo de Loucura” (Amok Time). Depois que fui
ficando mais velho e me tornando mais consciente do mundo ao meu redor, eu
comecei a ver a metáfora, a alegoria e a estória/crítica por detrás da ação.
Escolher um único episódio como favorito é muito difícil,
mas vou escolher dois dentre eles: “A Máquina da Destruição” (The Doomsday Machine)
e “Um Gosto de Armagedon” (A Taste of Armageddon). Ambos os episódios nos
mostram os perigos e a futilidade de uma guerra sem fim e desproposital. Esses episódios são, infelizmente, tão
relevantes em 2016 como eram há cinquenta anos.”
— Wil Wheaton, Wesley Crusher, “Star Trek: A Nova Geração”
O autor desse blog também vai participar deste post. Tenho vários episódios que gosto, mas vou citar três favoritos meus: O primeiro piloto feito por Gene Roddenberry, com o ator Jeffrey Hunter, The Menagerie ou A Jaula; os episódios derivados deste piloto: The Menagerie, Part 1 & 2, traduzido como A Coleção, da 1ª temporada e o famoso e premiado episódio "The City on the Edge of Forever" ou A Cidade à beira da Eternidade.
Jeffrey Hunter como Capitão Pike, no 1º Piloto da série, The Menagerie (A Jaula) |
Meg Wyllie como um talosiano, de A Coleção, Parte 1 e 2. |
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