Peter Morgan. o criador da série The Crown, fala sobre a 1ª temporada e também diz por que não pensa na terceira temporada (ainda).
Nessa entrevista, feita pelo site The Hollywood Reporter, Morgan conta sobre a tentativa de chegar ao tom certo para a série explica por que é como a estória de um super herói.
Na segunda parte da entrevista, ele fala sobre alguns episódios e cenas específicas do drama da Netflix sobre a Rainha Elizabeth.
THR: Como você lidou com os diferentes públicos, britânica e americana por exemplo, que conhecem partes diferentes ou de modo diferente da vida da Rainha?
PM: Eu tive que confiar nos meus instintos e tive que pensar comigo mesmo, "Se eu não sei, então eu acho que posso assumir que as outras pessoas não vão saber sobre esse assunto particular." Se me interessa, também penso, "Puxa vida, se algo me interessa, então espero que interesse aos outros." Eu gosto de verificar com as pessoas antes de escrever os episódios. Eu não desapareço e volto com tudo escrito. Pergunto o que acham disso? E isso? Às vezes, não faz mal se o público não entende bem tudo que está acontecendo.
THR: Na maior parte, a série não transporta a ironia dramática para fatos no futuro, mas em um dos episódios, há uma caça dos paparazzi ao carro da Princesa Margaret, que parece muito evocar o caso da Princesa Diana. Por que foi importante chegar a isso?
PM: Você faz essa presunção, mas eu não pensei sobre a Diana nesse ponto, na verdade, Eu pensei que seria uma conclusão natural. Mas você não está errado. Está certo. Diana nunca me ocorreu. De muitas maneiras, Margaret era mais uma celebridade do que a própria Elizabeth, ou pelo menos seu relacionamento com Peter Townsend teve aquele ponto de perigo e foi um relacionamento que dividiu o país em dois. Foi o relacionamento que se tornou maior do que era, porque, através do assunto divórcio, ele mexeu com o coração de algo que estava dividindo o país de qualquer modo. Tivesse sido ele um duque britânico ou o filho de um duque, teria tido alguma importância, mas não teria trazido toda aquela "eletricidade" que houve, porque ele era um divorciado.
THR: Se não estava pensando em Diana naquele momento, isso quer dizer que foi fácil para você não ter aquele momentos irônicos dramáticos, de não escrever sobre o passado enquanto olhava para frente, para onde a estória segue 60 anos depois?
PM: Tenho que ser honesto com você. Não posso pensar além da temporada 2 e não vou pensar além da temporada 2. É claro que continuamos a ter primeiro ministros e a Rainha continuou viva no trono, assim há a possibilidade de material futuro. Como criador da série, vou te dizer, é um trabalho muito cansativo. Dia e noite. É como um compromisso monástico que você faz. O acordo, que fiz com o Netflix, é que eu iria esperar para ver como a série seria recebida pelo público, antes de considerar uma continuação. Não faz sentido continuar, se não há um feedback que te estimula
THR: Você tinha pensado que iria deixar a crise do Canal de Suez para a 2ª temporada? Porque eu estava assistindo e como você sabe da história do caso, é algo que você sabe que está iminente e eu gostaria de saber se vai chegar a isso agora ou mais tarde. Como você estruturou para encaixar isso na série?
PM: Eu pensava que haveria apenas três temporadas. Seria uma temporada sobre ela como a jovem Rainha, uma temporada com ela já na meia idade e outra com ela na velhice. Depois que comecei a escrever, eu disse a mim mesmo, "Oh, meu Deus, preciso de mais tempo." A verdade é que eu poderia ter escrito três ou até quatro temporadas dela como a jovem Rainha. Eu cheguei ao ponto em que pensei, "Mas acho que não, vamos deixar para quando chegar o caso Suez, porque Suez parece ser um ponto chave na mudança do país. A Grã Bretanha nunca mais foi a mesma, depois de Suez." Aí, achei que iria lidar com isso no início da 2ª temporada. Foi o que fizemos.
THR: Ao escrever sobre os personagens em uma segunda temporada e adiante, em algum grau, você prefere que haja alguma distância entre as pessoas verdadeiras com as quais pensou e as pessoas verdadeiras que agora são os personagens criados por você até certo ponto?
PM: É uma boa pergunta e por essa razão foi que tenho resistido me encontrar com a Rainha, mesmo em situações oficiais, porque 1) Gostaria de oferecer a ela uma desculpa; 2) Eu odiaria ter que me encontrar com ela e acabar pensando, "Oh, meu Deus, cometi alguns erros." Até certo ponto, eu estou escrevendo o que acho que ela é. Enquanto que poderia ser de ajuda saber um pouco mais quem ela é, isso pode também acabar me atrapalhando muito. Estou fazendo o melhor possível para ter o ponto certo. Nada é perfeito. Acho que quando você procura um retratista para fazer o retrato de alguém, você nunca pode esperar uma semelhança perfeita. Você vai ter algo próximo, por uma interpretação.
Eu acredito que isso seja da mesma forma comigo. Tenho certeza de que as coisas que eu fiz, que estiverem fora da realidade, não foram intencionais. Elas ocorrem porque eu estou fazendo o melhor que posso e não é apenas eu. Tem o diretor, os atores e todo o processo coletivo tentando interpretar o personagem que, inevitavelmente, pode sair um pouco diferente do que a pessoa realmente foi ou é.
THR: Se você tivesse que adivinhar dos personagens principais, de quem você suspeita que seja provavelmente a maior criação de Peter Morgan e o que menos se parece com a pessoal verdadeira, hipoteticamente?
PM: Espero não desapontá-lo se eu disser que não foi ninguém da família real, porque a respeito dela há muita coisa escrita e muitas entrevistas. Um personagem que ninguém de nós poderia encontrar alguma coisa, exceto o fato que ele existiu e de que ele não escreveu nenhum diário, foi Tommy Lascelles, o secretário da Rainha, feito muito bem pelo ator Pip Torrens. Também o Duque de Windsor, interpretado por Alex Jennings, pode ser outro. Ambos falam mais pela minha voz, pelo que eu escrevi. Acho um grande prazer escrever para esses dois personagens. Sobre a Rainha Mary, também gostei muito de escrever para ela. Com a Rainha, ela é muito monossilábica, às vezes, e uma pessoa introvertida. Mas também achei ela um prazer. Na verdade, no fim, eu estou "escutando" as vozes muito claramente.
Toda a 1ª temporada de The Crown já está no Netflix.
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