Sean Bean (Boromir) e os Orcs |
Por que se demorou tanto para alguém levar para as telas do cinema os livros de Tolkien? E como Peter Jackson, que não era um diretor conhecido na época, acabou dirigindo todos os três filmes? A revista Variety, fonte da postagem deste blog, lista alguns fatos que ajudaram a colocar o "Senhor dos Anéis" na grande tela.
Os hippies ajudaram os Hobbits: Os livros de Tolkien foram publicados a partir de 1954 na Inglaterra, mas não se tornaram populares nos EUA até meados dos anos 60, no tempo da guerra do Vietnam, quando as pessoas que protestavam contra a guerra e os hippies naturistas dominavam os movimentos culturais. Os livros se tornaram símbolos da contra-cultura, graças aos temas de proteção ambiental e lutas contra as forças da guerra e da corrupção.
Tolkien ficou lisonjeado pelo sucesso e admirado com os lucros. Mas ele nasceu em 1892 e não conseguia entender que a ideia dos fãs era ingerir "Senhor dos Anéis" e LSD ao mesmo tempo. Além disso, os leitores mais entusiastas começaram a invadir a sua privacidade, indo até a sua casa e chamando-o a todo o momento para perguntas obscuras.
A influência cresceu: os temas do livro se refletiram na música de grupos como Led Zeppelin com "Ramble on", segundo álbum da banda, lançado em 1969. Veja aqui link da música com letras em português: https://www.youtube.com/watch?v=pwRIltqDqN4&list=RDpwRIltqDqN4#t=27.
Também influenciou escritores como Clive Barker e Stephen King. George Lucas sempre cita os livros com uma influência importante em "Star Wars."
Uma tentativa para se filmar: Depois que o produtor Saul Zaentz de "Um Estranho no Ninho" e "Amadeus", comprou os direitos dos livros, o produtor de filmes de animação, Ralph Bakshi pretendeu fazer um.
Mesmo em meados dos anos 90, apesar de que os efeitos especiais digitais começassem a se tornar mais comuns e melhores, ainda se achava audacioso demais para ser filmar o grande universo mitológico dos elfos, hobbits, magos e monstros. Cineastas como George Lucas, Steven Spielberg e John Boorman pensaram em filmar, mas a ideia não foi para frente.
Aparece Peter Jackson: Enquanto Jackson, um grande fã de Tolkien, estava filmando seu primeiro filme, "The Frighteners" (Os Espíritos), para a Universal, começou a considerar se os grandes avanços de tecnologia em efeitos especiais já não permitiam que fosse possível adaptar a trilogia de "O Senhor dos Anéis" em filme, por uma razoável quantia em dinheiro.
Jackson foi obrigado a levar qualquer projeto, que considerasse, para a Miramax, de propriedade da Disney. Corria-se o boato que Tolkien havia incluído uma cláusula, quando ele vendeu os direitos dos livros, de que quaisquer filmes não deveriam ser feitos pela Disney.
Jackson disse que ele ouviu dizer que era assim, porque Tolkien não gostou da adaptação de 1937 da "Branca de Neve e os Sete Anões", mas no final, Harvey Weinstein, que dirige a Miramax, acabou fazendo o acordo para o filme.
Quase não foi o Jackson: Jackson pensava que deveria começar a trilogia com um filme sobre "O Hobbit", na verdade um livro antes da trilogia, e depois fazer dois filmes com o conteúdo dos três livros. Mas problemas com direitos do filme significavam que Saul Zaentz poderia apenas dar a licença de "Senhor dos Anéis" para Harvey Weinstein e não a do "Hobbit". Quando os custos de produção começaram a crescer, Weinstein deu um ultimato a Jackson: "Nós tínhamos que concordar em fazer ou sair fora," lembrou Jackson, "Ele já tinha arrumado John Madden para dirigir e Hossein Amini para fazer o roteiro."
Mas ninguém estava interessado: Jackson voltou para Nova Zelândia para começar a trabalhar em um vídeo de 35 minutos, que seria o making of do making of, que deveria ser mostrado para os estúdios interessados. Todos disseram não. Depois, houve reuniões marcadas com a Polygram - um estúdio inglês independente, que já tinha feito "Quatro Casamentos e um Funeral" - e com a New Line, no mesmo dia que Peter deveria voltar para Nova Zelândia. A New Line aceitou, depois que Weinstein negociou comprou uma parte da empresa, incluindo o cargo de produtor executivo.
Uma escala inteiramente nova: Era uma produção nunca antes feita: nenhum cineasta já tinha feito três filmes consecutivos antes, nem lidado com um número imenso de trabalhadores e extras. Um equipe de produção de mais de 2.400 e 26.000 extras trabalharam nos filmes por cinco anos. A equipe montou 64 sets de miniatura, alguns tão detalhados que as maiores era conhecidas como "bigaturas". Jackson decidiu que qualquer item de Terra Média deveria ser feito do zero. "Eu tive que criar o mundo mais real que podia. A decisão era de fazer parecer bastante histórico, com os níveis de detalhe criando a ilusão de que o público estivesse tendo uma imersão em um mundo real," disse Jackson.
Quebrando recordes: Vários sets e cenários foram os mais detalhados já feitos para um filme - a cidade do castelo branco de Minas Tirith foi o maior set já feito no hemisfério sul e funcionava como pequena cidade em atividade. O enorme animal, parecido com elefante, o Mumakil, foi a maior peça construída e tinha de ser transportada para o set em pedaços em mais de uma dúzia de caminhões.
As moradias dos Hobbits: Em Hobbiton, uma horta de vegetais foi plantada um ano antes da filmagem, para fazer com que os hobbits fossem tradicionalmente domésticos. Montagens incluíam mais de 20.000 itens de casa e mais de 1.600 pares de próteses de pés e orelhas.
Efeitos especiais inovadores: Pela primeira vez em um filme, foi criado um banco de dados enorme em uma biblioteca digital com cada imagem, que pudesse ser acessada, analisada e referenciada com um único item no filme. Todos os elementos na trilogia puderam ser manipulados digitalmente, desde paisagens, a hobbits e cavalos.
Multidões nas Batalhas: O software de simulação da WETA, que cria multidão de gente, ajudou a criar as grandes cenas de batalha na Sociedade do Anel. Cada personagem na multidão se move em resposta ao ambiente e às ações de outros personagens.
A busca pelo Gandalf: A New Line pediu que Jackson escalasse Sean Connery para o Gandalf, e embora Jackson, um fã do ator, concordasse, Connery não aceitou. Ian McKellen foi a próxima escolha para o papel do mago. Mas McKellen estava compromissado a aparecer em "X-Men." O produtor Bob Shaye encontrou Ian em uma restaurante de Londres e disse: "Uma pena saber que ele estava ocupado, porque nós realmente queríamos ele. Eu voltei para minha mesa e depois de alguns minutos, eu decidi voltar e perguntar, "Só para saber, onde poderia estar o conflito de agenda?" Ele disse, Bem, você está começando "Senhor dos Anéis" três dias antes de eu acabar "X-Men". Fizemos algumas mudanças obviamente, e foi assim que ele entrou no filme."
Não adequado para ser Aragorn: O ator escalado para Aragorn era Stuart Townsend, mas foi substituído depois que o primeiro filme estava em filmagem há três ou quatro semanas. Ele estava em quase todas as cenas e tiveram que ser refilmadas. Os produtores acharam que o ator precisava de um pouco mais de ar solene e decidiram trocar Townsend por Viggo Mortensen. "Tínhamos cinco dias para encontrar a pessoa certa, negociar e levá-lo de avião para Nova Zelândia - por 15 meses!", disse o produtor executivo Mark Ordesky. Mortensen, que era 14 anos mais velho que Townsend, parecia ter sido nascido para interpretar o misterioso guerreiro
Uma reação desconhecida: Ninguém sabia como o filme seria recebido, até que foi mostrado um vídeo de 26 minutos no Festival de Cannes em maio de 2001. "A reação da mídia foi de otimista a muito entusiasmada," conforme reportou a revista Variety. A festa, também, foi a melhor do festival. "É difícil de se lembrar de outro filme aqui com um lançamento tão festivo, " informou a revista. Os convidados da festa se divertiam dentro das casas dos Hobbits, um barco flutuando em piscina com névoa e personagens se vestindo de habitantes da Terra Média.
Sem necessidade de testes: Quando "A Sociedade do Anel" estreou em 19 de dezembro de 2001, o 11 de setembro ainda estava vivo na mente das pessoas. Filmes que mencionassem terrorismo, o World Trade Center ou aviões tinham estreia suspendida. O público estava no espírito de ir ao cinema por puro escapismo, preferencialmente estórias com heróis fortes. O filme nunca teve exibição para testes ou pré-exibição com o público, observou Jackson.
Os fãs foram fundamentais: "Durante todo o processo de produção do filme, nós iríamos permanecer em contato com os principais fãs ao redor do mundo, através destes sites de Internet, e até envolve-los no processo, caso surgissem dúvidas e obter opinião delas," disse Michael Lynne, da New Line. "Peter era um desses grandes fãs, assim ele entendia o que isso significava." Para o prazer de centenas de fãs devotados, Jackson e vários membros do elenco foram a um festa de fãs na noite do Oscar no final da rua do prédio da cerimônia, tanto para o filme da Sociedade como para o Retorno do Rei.
(Esq>>Dir) Billy Boyd (Pippin), Elijah Wood (Frodo), Peter Jackson, Sean Astin (Sam), Dominic Monaghan (Merry) |
Fonte: Variety
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