Friday, September 21, 2018

Momentos com "Sra. Maisel" ou Rachel Brosnahan

A noite perfeita da atriz Rachel Brosnahan na premiação do Emmy - que incluiu não somente o prêmio de melhor atriz em comédias pela série "A Maravilhosa Sra. Maisel", como também os prêmios de melhor série de comédia, entre outros - teve uma pequena preocupação. Foi a questão simples de um anel de diamantes que ela não conseguia tirar do dedo.

Horas antes, na pressa de se arrumar, ela tentou tirar seu belo anel. Mas ela queria mudá-lo para outro dedo e ele não saia. "E aí você percebe quando está puxando algo que não sai; fica inchado," conta ela na manhã seguinte, depois de um café da manhã tardio em seu quarto de hotel em Hollywood. "Assim entrei no tapete vermelho com esse pânico sobre o anel que estava preso no meu dedo."

Só depois que ela chegou em casa tarde da noite, é que foi capaz de fazer uma pesquisa no Youtube e aprender como tirar, usando fio dental e óleo de oliva. Depois de algum esforço, o anel saiu. "Agora sim foi uma noite perfeita," acrescentou ela com um sorriso.

A cerimônia tinha acabado de começar quando ficou claro que a noite era de Sra. Maisel & Cia. Primeiro, foi Alex Borstein ( que faz a gerente do clube de shows, Susie Myerson) ganhar por melhor atriz coadjuvante, depois Amy Sherman-Palladino fazer história como a primeira mulher a ganhar tanto para direção como para roteiro no mesmo ano. Quando a atriz Angela Bassett anunciou o nome de Rachel, "Eu fiquei completamente maravilhada," disse Brosnahan. Ela não havia preparado um discurso, disse ela, mas depois recordando do discurso de Oprah no Globo de Ouro, ela se lembrou de enumerar uma lista de pessoas que queria agradecer.

"Uma das coisas que mais adoro na série...é sobre uma mulher que está encontrando sua voz novamente, isto é de poder reaver a sua habilidade de falar depois de momentos difíceis.É algo que está acontecendo por todo o país." O EUA vivem momentos de eleições, assim como no Brasil.

"Um das decisões mais importantes que você tem é poder usar a sua voz e votar. Votar, aparecer para votar e trazer amigos  para votar." Relembrando sobre esse chamado na manhã seguinte, ela nega que houve qualquer sugestão de motivação política. "Não soou político para mim," diz ela. "É nosso dever como cidadão de se pronunciar." "Nós temos uma grande eleição chegando e é mais importante do que nunca, que exercitemos nosso direito de votar." (O voto não é obrigatório nos EUA).

Brosnaham disse que não decidiu ainda aonde vai colocar o seu troféu. "O Globo de Ouro está no banheiro, mas a prateleira não é grande para os dois."

"A Maravilhosa Sra. Maisel" provou ser mesmo maravilhosa - a comédia que estreou sua segunda temporada recentemente - ganhou cinco prêmios na noite do Emmy e oito troféus de 14 indicações. A Academia se apaixonou pela estória de Midge Maisel, uma dona de casa de Nova York dos anos 50, que acaba descobrindo ter talento para comédia de 'stand-up'.

Depois do Emmy, ela ainda passou em uma hamburgueria para a última refeição da noite, após ter ido à festa da cerimônia. "Eu não gostou muito de festas," disse ela. "Muita gente se cruzando e conversa rápida e picada, que não é meu forte. Mesmo com o troféu ao lado da cama, ainda não 'caiu a ficha' da vitória.

"Eu nunca me recupero de ter meu nome falado na mesma frase com outros lendárias atrizes nessa categoria, que eu tenho admirado," conta ela sobre suas colegas indicadas, incluindo Pamela Adlon, Allison Janney, Issa Rae, Tracee Ellis Ross e Lily Tomlin. “É muita loucura e inacreditável. É um sonho que eu não sabia que podia ter.”

A série é algo como atuar nas Olimpíadas - não só ter que dominar o tipo de diálogo criado pela roteirista Sherman-Palladino, mas também ter de falar nos palcos dos clubes de comédia.

Em pessoa, a atriz de 27 anos não é como a audaciosa e sincera Midge - seu temperamento quieto é pontuado por risos suaves. "Eu acho que nós duas somos ambiciosas, resilientes e acho que ambos vemos o copo meio cheio," diz ela. "Mas não sou tão confiante como Midge, particularmente quando se refere a trabalho. A Midge entra nesse campo inteiramente novo, onde ela não tem experiência nenhuma e acredita sinceramente em seu coração que ela pode dominá-lo como um leão. Ela nunca desiste por um segundo sequer. Isso não sou eu."

Conseguir ter toda essa valentia é algo muito grande para ela, que reconhece. Começa com a pose de poder no espelho e depois continua com que ela diz ser o diretor assistente tocar a campainha para iniciar. Isso, junto com copiosa quantidade de cafeína, é o que ela credita ser a força para ter todo o ânimo. "A Midge tem muita energia," diz ela. "Muito mais que geralmente nós temos às 4 da manhã em uma segunda-feira."

Depois de duas temporadas (com uma terceira a caminho), Brosnahan admite que ela ainda se sente intimidada. "Eu sabia que a Midge se tornaria uma comediante de sucesso, mas eu realmente não imaginava como seria na prática," diz ela. "O público está aumentando agora, que significa que ele está crescendo pela Midge, mas também está crescendo por mim. Eu estou desempenhando em frente de mais e mais pessoas, toda as vezes que eu subo ao palco, e é assustador. Nunca fica menos assustador. Embora eu tenha conversado com outros comediantes de 'stand-up', isso não é muito diferente. Pelo menos, eu estou em boa companhia, com meu estado de petrificação."

E depois há a questão de estar dentro do padrão exigido pelo criadores e produtores da série, um ponto que Sherman-Palladino salientou, quando recebeu o troféu de melhor roteirista. 

Brosnahan reconhece que a pressão é grande. "Mas eu reconheço que Palladino mostra que o diálogo que ela criou, exatamente como escrito, é a melhor versão," diz ela. Dois assistentes de roteiro estão disponíveis para ter certeza de que nada saia fora do script - um fiscaliza as ações, o outro é só para monitorar o diálogo. "Ela é muito gentil e tão adorável e paciente," diz Rachel, "mas ela frequentemente vem com alguns ajustes, tipo: "Você disse ele tá, mas é ele está." Ela sempre está certa. É com essas pequenas coisas que faz a coisa decolar."

O segredo do sucesso de Rachel é um bom talento da velha guarda e trabalho duro. Ninguém trabalha mais duro no seu ofício. Ela é uma completa perfeccionista, mas da forma mais agradável possível.

Sherman-Palladino já criou uma dos mais famosos personagens femininos, trabalhando com atrizes como Lauren Graham, Alexis Bledel e Sutton Foster. ("Eu preciso dessas mulheres que falam rápido!", indica ela. E essa parceria, também, tem sido criativa para ambas.

Brosnahan diz que ela sempre se surpreende com o talento da sua chefe. "Ela sabe exatamente o que ela quer todo o tempo, como a Midge," diz ela. "Ela dirigi esses episódios e todas as coisas relacionadas com extremo prazer." E ela admite que tenta desesperadamente acompanhar o conhecimento enciclopédico de Palladino da cultura pop, quer seja de hoje ou dos anos 50.

O figurino também a ajuda a entrar no personagem - ele é todo desenhado e costurado por Donna Zakowska. "Eu não me sinto completa até que eu tenha colocado a peruca, arrumado o cabelo, batom e colocado o espartilho," conta Brosnahan. Não é para fazer ela mais magra - suas formas pequenas são aparentes,mesmo que esteja vestida em um pesado robe de hotel - mas para dar ao corpo dela o formato certo da moda dos anos 50, com o torso comprido e cintura mais baixa. 

Ela ainda não roubou nada do armário de Midge, contudo ela está de olho em uma casaco de cashmere cinza que vai até os joelhos. "Ele é muito luxuoso, pesado e quente, é como vestir um cobertor," diz.

Embora Brosnaham tenha sido uma criança tímida do interior de Illinois, ela diz que sempre quis ser uma atriz.

“Principalmente porque eu sempre amei estórias infantis, desde muito jovem. Adorava ler. Fui uma ávida leitora de tudo e qualquer coisa. " Livros de fantasia eram seus favoritos, como os de Roald Dahl e os livros de Harry Potter, pela maneira com que ela era transportada para mundos longínquos e diferentes.
Mas atuar era como um hobby para ela. "Eu acho que nunca pensei por um longo tempo que isso pudesse ser uma carreira. Sempre achei que iria escolher outra coisa." Ela até considerou fazer Psicologia.
E aí ela acabou pegando o papel da enigmática Rachel Posner em "House of Cards" e acabou saindo de pequenos papeis eventuais para a uma carreira recorrente (e conseguiu uma indicação ao Emmy por atriz convidada).
"Eu sempre reflito sobre "House of Cards, que naquele tempo parecia ser a coisa mais difícil, escrucitante, mas também gratificante que já tinha feito até esse ponto, e ele é tão diferente. Era desafiador, porque ele requeria buscar emoções profundas, que eu nunca tinha buscado antes e tentando segurar a barra diante de tantos atores experientes ao meu redor", conta ela. "Tenho a felicidade de dizer que fui capaz de ter mais de uma experiência que é tão gratificante como a de hoje."

Depois que Rachel estrelou a série dramática "Manhattan" e fez alguns trabalhos de teatro, o roteiro para "Maisel" caiu no seu colo. "Eu me apaixonei desde a primeira página," diz ela. "Midge me lembrava de tantas mulheres que eu conheço e amo em todo minha vida, que eu não vejo muito na tela o suficiente - mulheres confiantes, ambiciosas que veem o mundo com um senso de curiosidade insaciável e prazer. Ela também é complicada. Ela é privilegiada e egoísta e tem dificuldade para ver fora da sua visão estreita do mundo. Mas ela está interessada em crescer e desenvolver. E isso é emocionante para mim também."

Os Palladinos estavam fazendo audições de atrizes, quando Brosnahan entrou.
"Há um destemor em Rachel," diz Sherman-Palladinbo. "Ela não tem receio de entrar nos momentos nervosos que Midge estava sentido, quando ela subiu aquele palco."


Brosnahan diz que ela reconhece que a ira impulsiona o objetivo de Midge. "As mulheres são bravas às vezes. Homens são bravos. Todos são bravos." diz ela. "E você não ficaria irada se seu marido dá o fora em você, depois de todas as suas metas e sonhos tenham sido realizados? Você tem uma vida perfeita, e tudo desmorona."

Jennifer Salke, chefe dos Amazon Studios, diz sobre o perfil de Brosnahan: "Rachel traz uma autenticidade incansável, que vem de um lugar profundamente comprometido. O público tem de acreditar que Midge está nessa jornada, que ele nunca pensou ser este seu caminho na vida. Não há um momento em que o desempenho não demonstre ser real e isso é um feito incrível de se trazer um personagem à vida."

"Eu não tenho intenção de parar de fazer a Maisel," diz Brosnahan. "Eu vou continuar a fazer tanto quanto a Amy queira e continue a escrever e a dirigir."

Eu acho que foi um coincidência de sorte," diz Brosnahan. "Mas é realmente confortante conversar com jovens mulheres, que sentem inspiradas pela série e inspiradas por Midge em sua jornada e no seu inato senso de empoderamento."

Brosnahan promete que tem mais para vir na temporada 2 quando Midge explora sua voz no palco. "Eu adoro como ela está fazendo perguntas sobre ser mulher e os padrões duplos entre homens e mulheres e um pouco da hipocrisia que ela está percebendo agora que ela tem os olhos abertos," diz ela. Há um momento na segunda temporada em que ela desafia dizer a palavra "grávida" no palco - era tabu até para gibis na época - e não é bem recebido," diz ela. "Nos anos 50, isso não era algo que você pudesse conversar. Era considerado rude e inapropriado para discutir em público e eu acho que isso a impulsiona ainda mais."

Embora ela agora tenha tanto um Globo de Ouro como um Emmy, Brosnahan diz que ela não se sente que está totalmente pronta. "Eu não tenho certeza que chegue esse momento," diz ela.

"Eu acho que é importante nunca se sentir que 'Eu já consegui tudo'." Eu não quero chegar ao ponto de parar de assumir riscos."

"Eu estou louca para trabalhar com mais mulheres em todas as partes desse segmento," diz ela. "Eu espero que haja mais oportunidades para trabalhar com mais mulheres, ao passo que continuamos a conversa sobre a necessidade de mais mulheres sejam representadas em diferentes partes do cinema e TV, quer seja em frente à câmeras ou atrás delas." 



Fonte: Variety

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