Com o título original de Mishima: A Life in Four Chapters, o filme de 1985 dirigido por Paul Schrader e escrito por ele e seu irmão Leonard Schrader é baseado na vida e ficção do autor japonês Yukio Mishima.
Francis Ford Coppola e George Lucas atuaram como produtores executivos.
O roteiro mescla dados biográficos do escritor japonês Yukio Mishima com trechos narrativos de seus próprios romances e contos.
O filme tem no elenco: Ken Ogata como Yukio Mishima, Kenji Sawada como Osamu, Yasosuke Bando como Mizoguchi e Toshiyuki Nagashima como Isao.
Para estrear o filme em 1985, Schrader precisou de dez anos para poder cumprir o desejo de realizar um filme sobre a vida e a obra de Yukio Mishima, ultrapassando várias dificuldades. A primeira era, desde logo, a dificuldade intrínseca de um americano querer adaptar ao cinema a biografia de um autor japonês reputado pelo seu antiamericanismo. A segunda era a aquisição dos direitos à viúva de Mishima, a qual sempre se recusara, até então, a fazê-lo.
Para fazer face àquelas dificuldades, Schrader aproveitou o fato de o seu irmão Leonard ser casado com uma japonesa (Chieko Schrader) e deslocou-se até ao país do sol nascente para tentar convencer os japoneses a cederem-lhe os direitos de adaptação ao cinema. Acabou por conseguir esses direitos, com a exceção do romance Cores Interditas, o qual faz diretamente alusão à homossexualidade do escritor. A viúva de Mishima sempre procurou encobrir as tendências sexuais do falecido marido, tentando que esses aspectos da vida privada ficassem ausentes do filme.
O filme organiza-se em quatro capítulos temáticos. Em cada um deles, se desenrola a biografia do escritor com encenações teatralizadas das suas obras. Dá assim corpo ao enigma-Mishima, ao retrato de um homem na fronteira entre a tradição e a modernidade. Uma vida que tem o seu epílogo no dia do discurso ao exército e do suicídio, apogeu dramático do princípio unificador da pena e da espada, mito original perseguido por Mishima e cuja impossibilidade no tempo presente é a matéria íntima da sua morte demencial e espetacular.
Segundo Paul Schrader, só um ocidental poderia ter realizado este filme, pelo motivo que muitos japoneses preferem esquecer que Mishima existiu. Após a sua morte, a extrema-direita japonesa apoderou-se da figura do escritor, fazendo dela o seu herói, o seu símbolo. O próprio governo japonês fez tudo para evitar que o filme se tornasse realidade, alegando que um estrangeiro não pode compreender o espírito nipônico.
Assim, este filme nunca teve uma estreia oficial no Japão, não só devido à controvérsia sobre a própria figura de Mishima, mas também devido a vontade da sua família. Contudo, foi diversas vezes apresentado na TV japonesa (embora com a cena do bar gay cortada) e é permitida legalmente a importação do DVD.
Filme foi indicado à Palma de Ouro em Cannes (1985). Não ganhou a Palma de Ouro, mas Paul Scharder ganhou prêmio de Melhor Contribuição Artística neste Festival.
A trilha sonora de Philip Glass varia de acordo com os diferentes capítulos ou tempos na vida de Mishima.
- As cenas contemporâneas (de 1970) tem cordas e percussão;
- As cenas de flashback tem apenas cordas; e
- As cenas estilizadas de seus livros tem a orquestra completa.
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